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Literatura toma chá com a obra de Dalcídio

Menino de beira-rio, do meio do campo, banhista de igarapé. É assim que se apresenta um dos maiores escritores modernistas da literatura brasileira do século XX, nascido em Ponta de Pedras, em 1909, criado em Cachoeira do Arari, no Marajó, e autor de vigorosa obra romanesca sobre a Amazônia paraense, conhecida como Ciclo Extremo Norte, composta por 10 livros que trazem para o centro da cena ficcional a dura realidade do povo pobre das barrancas e ribanceiras marajoaras e tapajônicas e dos subúrbios da capital, dando voz e protagonismo aos deserdados e expondo as mazelas sociais e suas causas, muitas das quais perduram até hoje: Dalcídio Jurandir foi o personagem da 5ª edição do Chá Literário, promovido pela direção da Biblioteca Desembargador Antônio Koury, nesta quinta-feira, 27, com o professor doutor Paulo Nunes, do Programa de Mestrado sobre Linguagens, Comunicação e Cultura da Universidade da Amazônia (Unama), cuja tese de doutorado focou vida e obra do escritor marajoara. Paulo Nunes chamou a atenção para o fato de que em um período de 50 anos, entre 1929 e 1979, ano do falecimento do escritor, Dalcídio Jurandir investiu-se da missão singular de traçar um painel esmiuçado da Amazônia paraense, “suas contradições, encantos e desencantos”. O caráter fortemente autobiográfico e permeado por observações psicológicas dos personagens de sua obra, segundo Paulo Nunes, o aproximam de escritores que moldaram a literatura contemporânea ocidental, como Honoré de Balzac e James Joyce. Sua filiação ao Partido Comunista e a adoção do realismo socialista como premissa de seus romances, longe de os transformarem em meros panfletos, imprimem um mergulho na linguagem e nas tradições culturais, reproduzindo o universo imaginário e real dessas populações e identificando leitor e personagens, através de traços característicos do linguajar e dos modos de vida das populações amazônicas, sobretudo as do Marajó e as dos subúrbios de Belém. TUCUMÃ As aventuras de Alfredo, nome do pai de Dalcídio e alterego do escritor nas suas histórias, permeiam a série de romances desde “Chove nos Campos de Cachoeira”, no qual o menino traça planos de morar e estudar na capital, imerso na fantasia do seu caroço de tucumã, ao qual manifesta seus desejos mais íntimos e seus medos mais viscerais. Paulo Nunes assinala que Dalcídio integra a segunda das três fases em que se pide o modernismo no País, a primeira delas entre 1922 e 1930, na qual a Amazônia – e Belém como porta de entrada da região – é o foco dos estudos, pesquisas e textos de figuras como Oswald de Andrade, o autor do anárquico-literário Manifesto Antropofágico, cuja mãe era de Óbidos e ele mesmo era sobrinho do escritor Inglês de Souza; Raul Bopp, que estudou na antiga Faculdade de Direito do Largo da Trindade; Manuel Bandeira, que morou em Belém e escreveu ao menos um poema antológico sobre a cidade; e Mário de Andrade, cuja inspiração para o seu grande romance, Macunaíma, vem do período em que fez a mítica viagem antropológica pelo litoral do Amazonas, até o Peru, coletando manifestações culturais, linguagem e lendas da região. “Dalcídio é da segunda geração, que vai de 1930 a 1945,e nos traz escritores como Jorge Amado, Raquel de Queirós, José Lins do Rego e Graciliano Ramos”, disse Paulo Nunes, aos destacar a beleza metafórica de seus romances e a forte identificação com alguns pressupostos do modernismo, que traz as vozes do povo para a literatura e redescobre os vários Brasis que existem dentro do Brasil. Nunes destacou também a dedicação completa à própria obra por parte de Dalcídio, que era completamente avesso à exposição pública e foi um intelectual muito perseguido – e preso – por suas convicções políticas. Ele chegou a ser auxiliar de cozinha e agente de turismo, mas foi no jornalismo que se destacou, sempre na perspectiva de sua ideologia política, na revista Diretirzes, do Partido Comunista Brasileiro. Foi fruto dessa atividade o único romance que não integra o Ciclo Extremo Norte – Linha do Parque -, que ele escreveu quando foi cobrir uma greve de trabalhadores em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. VÍDEO Ao final da exposição, houve a apresentação de um vídeo produzido pela Unama, com os filhos do escritor e leitores de sua obra, a maior parte dela esgotada e sem reedições à altura da importância do escritor para a literatura brasileira. Ainda assim, Paulo Nunes lembrou que, recentemente, o Correio Braziliense publicou uma lista com os 50 maiores nomes da literatura nacional, na qual Dalcídio figura como o 37º. Uma exposição com livros do escritor também ficará à disposição dos interessados no hall da biblioteca. Ao final, a juíza convocada Nadja Nara Cobra Meda entregou um certificado ao professor doutor Paulo Nunes e disse da emoção de todos os presentes por estarem conhecendo um pouco mais sobre a vida e a obra de um grande intelectual paraense. Você pode ler mais sobre Dalcídio Jurandir e sua obra aqui.
Fonte:
TJ Para
27/08/2015 (00:00)

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